CARVÃO

China continua a financiar projetos

29/01/2019
Segundo relatório do Instituto para Análise Econômica e Financeira em Energia (IEEFA, sigla em inglês), apesar de liderar projetos em energia renovável, a China continua a investir recursos em empreendimentos de energia fóssil, especialmente carvão, fora de suas fronteiras. O estudo aponta que mais de 1/4 dos projetos de geração de energia à base de carvão fora da China contam com financiamento de bancos e companhias do país. 
 
Em meados de 2018 instituições do país asiático tinham proposto ou investido cerca de US$ 35,9 bilhões em projetos desse tipo em 27 países - incluindo investimentos em minas de carvão para exportação, usinas a carvão, e infraestrutura ferroviária e portuária associada - , totalizando 102 GW, sendo que 75% dessa capacidade ainda se encontra em fase de pré-construção.
 
Os principais países a receber projetos carboníferos são Bangladesh, Vietnã, África do Sul, Paquistão e Indonésia. O Brasil figura entre os países que possuem projetos energéticos de carvão com proposta de financiamento chinês. Segundo o relatório, quase US$ 1 bilhão estão propostos para projetos que deverão resultar na geração de 940 MW de energia a base de fonte suja.
 
Segundo Melissa Brown, consultora do IEEFA e uma das co-autoras do relatório, "as projeções mais conservadoras da Agência Internacional de Energia (IEA) apontam para o declínio do comércio global de carvão nos próximos anos, e isso tem um bom motivo: os preços internacionais da energia de carvão seguem instáveis, o que deixa os países produtores desse tipo de energia presos a uma infraestrutura custosa", explica Melissa. "Em contraste, as energias renováveis estão se beneficiando de grandes melhorias tecnológicas e têm um impacto deflacionário nos preços da energia". 
 
Para Christine Shearer, outra co-autora do relatório, os países que ainda não assinaram esses acordos com a China precisam entender as mudanças no mercado global de energia antes de tomar uma péssima decisão. "Está na hora da China formalmente limitar seus investimentos em usinas termelétricas a carvão no exterior e passar a promover a adoção de energia renovável mais barata e de tecnologias de grid", diz Christine Shearer, uma das autoras do relatório. "Isso vem sendo feito dentro da China. Será que os outros países não merecem ter a mesma oportunidade?"