Teia alimentar microbiana responde pela maior parte do carbono

18/03/2019
A quantidade de carbono que circula na teia alimentar microbiana é até 10 vezes maior do que o carbono circulante na cadeia alimentar clássica.

Um estudo realizado pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com apoio da Fapesp, verificou que a teia alimentar microbiana responde pela maior parte do carbono circulante em lagos, várzeas e planícies inundáveis da Amazônia. “O trabalho concluiu que a quantidade de carbono que circula na teia alimentar microbiana das regiões alagáveis amazônicas é até 10 vezes maior do que o carbono circulante na cadeia alimentar clássica, que envolve fitoplâncton e zooplâncton”, disse Hugo Miguel Preto de Morais Sarmento, professor no Departamento de Hidrobiologia da UFSCar. O estudo foi publicado na revista Hydrobiologia. 

Segundo os pesquisadores, a maioria dos estudos sobre a Amazônia visa quantificar o ciclo de carbono na Amazônia e parte da análise da biomassa terrestre (plantas e animais) ou então da biomassa na água dos grandes rios, como o Solimões. O novo estudo investigou a chamada teia alimentar microbiana, que se refere às interações tróficas combinadas entre todos os microrganismos em ambientes aquáticos, o que inclui bactérias, algas microscópicas (fitoplâncton), microrganismos unicelulares como ciliados (protozoários) e flagelados, além de invertebrados. “Nosso trabalho buscou verificar e quantificar no sistema amazônico as interações na teia alimentar microbiana em dois momentos: na estação úmida, quando o nível das águas é mais elevado e a teia alimentar é mais simples (menos interações), e na estação seca, quando a quantidade de água é menor e a teia alimentar se torna mais complexa, com mais interações”, disse Sarmento.

Para coleta do material os pesquisadores escolheram o lago Puruzinho, de quase 8 km de extensão e que fica num afluente do rio Madeira (AM). Foram coletadas 30 amostras de água cerca de meio metro abaixo da superfície, no fim de maio de 2014, durante o final da época chuvosa na Amazônia, quando as áreas inundadas atingem seu nível máximo, e no final de outubro do mesmo ano, na estação seca, quando o nível do lago é o mais baixo.