Pesquisas geram descobertas em Reserva da CBA

22/09/2021
Um dos projetos desenvolvidos na Reserva catalogou 91 famílias de 380 gêneros da flora.

A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) mantém o projeto Legado Verdes do Cerrado, Reserva Particular de Desenvolvimento Sustentável, no município de Niquelândia (GO). Um dos projetos desenvolvidos na Reserva, o “Biodiversidade, Endemismo e Conservação” catalogou 91 famílias de 380 gêneros da flora. Segundo o professor Dr. Marcos José da Silva, da Universidade Federal de Goiás (UFG), das 850 espécies encontradas no Legado Verdes do Cerrado, 16 delas são novas para a ciência e oito já foram enviadas para publicação em revistas científicas. A nova espécie encontrada, Erythroxylum niquelandense pertence a um gênero que tem propriedades muito utilizadas na medicina em medicamentos para o tratamento de doenças como câncer e AIDS. Outro destaque da pesquisa é a grande diversidade de leguminosas encontradas na Reserva: foram 150 espécies registradas. “Embora seja uma das famílias melhor representadas em áreas de Cerrado, as leguminosas nunca tiveram um volume de dados tão destacados como ocorreu nesta pesquisa. Outro dado relevante diz respeito às 10 fitofisionomias que identificamos na Reserva, que correspondem a 70% das fitofisionomias do Cerrado. Tudo isso mostra que a flora do Legado Verdes do Cerrado é extremamente diversificada, com plantas com grande potencial para serem utilizadas como plantas ornamentais e medicinais”, ressaltou Marcos José.

O “Biomonitoramento do Ecossistema Aquático da Reserva Legado Verdes do Cerrado Através da Abordagem Integrada com o Sistema-Modelo Zebrafish (Danio rerio)”, coordenado pelo professor Thiago Lopes, da UFG, é outro projeto desenvolvido na Reserva Particular da CBA. O estudo utilizou o peixe Zebrafish - também conhecido como paulistinha – como modelo de avaliação da qualidade da água. A escolha do peixe aconteceu pelo fato do animal ter um DNA parecido com o dos seres humanos, de forma que, ao analisar o impacto da qualidade da água no organismo dos peixes, é possível correlacionar esses efeitos ao corpo humano. “A análise de múltiplas respostas utilizando os peixes como biomarcadores no ecossistema aquático pode ser aplicada em outras regiões do Cerrado e do Brasil. Além do nosso pioneirismo, essa produção científica teve uma grande importância na continuidade de outros projetos e permitiu a consolidação do setor de peixes do biotério do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da UFG”, disse Thiago Lopes.

As pesquisas foram realizadas junto ao Rio Traíras, responsável pelo abastecimento público de água de Niquelândia, em cinco pontos do rio localizados dentro da Reserva. Dos dados obtidos, não houve diferença significativa na taxa de sobrevivência dos peixes em nenhum dos pontos do rio em que foram expostos. Os embriões também conseguiram se desenvolver normalmente nos locais avaliados, demonstrando que as iniciativas de conservação do Legado Verdes do Cerrado contribuem para a qualidade da água do Rio Traíras. Para análise dos solos do Legado Verdes do Cerrado, a pesquisa “Qualidade dos Solos nas Regiões Cársticas” levantou as características dos solos da região e potencialidades de uso. A pesquisa totalizou 1.437 análises feitas com o apoio de informações coletadas por meio de sensoriamento remoto, imagens de satélite e geoprocessamento. Além de avaliar a fertilidade, permeabilidade, potencial de erosão e de produtividade agrícola, a pesquisa revelou a existência de cinco cavernas e dolinas. Os dados contribuíram para gerar um mapa de solos do Legado Verdes do Cerrado, com dados detalhados de 12 classes de solo existentes na área da Reserva.

A pesquisadora da UFG, professora Dra. Renata Momoli, que coordenou a pesquisa, comentou que há uma escassez de estudos dedicados ao tema. “Em geral, a degradação do solo, causada principalmente pela erosão e poluição, não causa apenas perdas locais. O sedimento removido do solo e levado pela água se deposita nos corpos hídricos, gerando assoreamento. Por isso, esse projeto de pesquisa tem a característica de pensar em sustentabilidade por meio do solo, que é a pele do planeta e um recurso natural não renovável, mas essencial à vida e cujas funções ainda não são plenamente conhecidas”, enfatizou. 

Já o projeto Alometria do Cerrado, de responsabilidade do professor Fábio Venturoli, da Universidade Estadual de Goiás (UEG), procurou calcular o carbono que a vegetação captura e armazena. Devido às queimadas, há apontamentos de que o Cerrado é um importante sumidouro de carbono, o que torna a pesquisa ainda mais relevante para toda a sociedade, uma vez que informações geradas pelo estudo pesquisa possibilitam, por exemplo, exigir do responsável por um desmatamento que repare o equivalente ao impacto que causou para a sociedade. 

O gerente de Operações do Legado Verdes do Cerrado, Marco Túlio Xavier Lanza, destacou que o incentivo aos estudos científicos é um compromisso que a Reserva mantém desde a sua criação, atuando com iniciativas que colocam em evidência o potencial do Cerrado. “Temos crescido com o nosso modelo de gestão no qual as atividades da nova economia e as pesquisas acadêmicas agregam valor ao Cerrado em diversos âmbitos. Os resultados apresentados neste encontro reiteram o nosso empenho em seguir com esse modelo porque temos muito trabalho pela frente”, afirmou.