PRAGAS AGRÍCOLAS

ABCBio quer regulamentar controle biológico

10/11/2015

O controle biológico e o manejo integrado de pragas são decisivos para o futuro da agricultura brasileira, na opinião de Pedro Faria Jr. Presidente da ABCBio (Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico), entidade que está lutando pela regulamentação do setor no País. Apesar de já contar com 51 empresas produtoras e ter 118 produtos comerciais no mercado, o setor ainda não conta com regulamentação oficial, o que significa que há produtos no mercado cuja qualidade e eficácia não são comprovados.

Para o dirigente da ABCBio, uma vez regulamentado e com maior credibilidade no mercado, o setor poderá investir em laboratórios de alta especialização para produção dos agentes de controle biológico como parasitóides e predadores, fungos e bactérias, neumatóides, fungos para controle de doenças e extratos vegetais.

A entidade demonstra otimismo com o potencial de crescimento do mercado no País, já que mundialmente o setor cresceu a uma taxa mais de cinco vezes maior do que os defensivos químicos (3% contra 16%) e faturou, internacionalmente, US$ 2,8 bilhões em 2014. Segundo a ABCBio, o segmento foi favorecido pela grande importância que os produtos de controle biológico tiveram em recentes e graves problemas fitossanitários surgidos em algumas culturas no Brasil, como o aparecimento da Helicoverpa armigera, uma nova praga que já causou grandes prejuízos aos agricultores brasileiros e cujo controle, economicamente viável, só foi conseguido graças à introdução de inseticidas microbiológicos e insetos parasitóides no plano de manejo de pragas.

Segundo Pedro Faria Jr., hoje o mercado está mais focado em uma agricultura sustentável, com o uso de produtos menos tóxicos ao meio ambiente e às pessoas. Ele acrescenta que as pragas têm adquirido maior resistência aos defensivos químicos e há uma oferta limitada de novas moléculas pelos produtores de defensivos químicos. De acordo com ele, o custo para se desenvolver uma nova molécula de defensivo químico é da ordem de US$ 256 milhões, enquanto o custo para o desenvolvimento de agentes de controle é bem menor. Um outro fator que favorece o desenvolvimento do mercado brasileiro é que desde janeiro de 2014 os produtores de agentes de controle biológico podem fazer o registro por alvo, sendo válido para todas as culturas. Anteriormente, o registro era feito por tipo de cultura (soja, milho etc).

Ele também salienta que no Controle Integrado de Pragas os produtos de controle biológico podem atuar em paralelo com os defensivos químicos, já que os biológicos são “uma importante ferramenta para a preservação da eficiência das moléculas químicas. Com isso, haverá um manejo equilibrado no combate às pragas e doenças, com um conseqüente aumento da produtividade agrícola, levando à mesa dos consumidores brasileiros produtos livres de resíduos químicos”.

Outro fato que atesta a importância do mercado brasileiro, diz ele, é que a ABCBio foi encarregada de organizar o evento Biocontrol Latam, a ser realizado de 15 a 17 de novembro de 2016, em Campinas (SP).