MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Brasil ganha antiprêmio “Fóssil do Ano”

18/12/2020

O Brasil ganhou duas categorias do tradicional antiprêmio "Fóssil do Ano", dado por uma rede de 1.300 ONGs aos países que mais atrapalham o combate à mudança do clima. A primeira estatueta é referente à categoria "Não proteger as pessoas dos Impactos Climáticos", pelos esforços do governo Bolsonaro em destruir os ecossistemas brasileiros e não proteger os povos indígenas das queimadas e dos efeitos da mudança do clima. Já a segunda estatueta foi na categoria "Reduzir o espaço da sociedade civil". Neste quesito, o Brasil ganhou até da Rússia e se destacou pela escalada de repressão aos grupos da sociedade civil que resistem às políticas de desmonte ambiental e lutam pelos direitos das comunidades indígenas. 

O destaque foi para o plano do Conselho Nacional da Amazônia Legal, coordenado pelo vice-presidente, general Hamilton Mourão, que pretende, por meio de um marco regulatório, ter o "controle" de 100% das ONGs que atuam na região até 2022. O Governo quer que apenas entidades da sociedade civil que atendam aos "interesses nacionais atuem na região amazônica". "A sociedade civil, apesar das ameaças, precisa se fortalecer para pressionar, nacional e internacionalmente, por medidas efetivas de redução nas emissões, pela preservação das florestas e proteção dos indígenas", disse Nayara Castiglioni Amaral, coordenadora-geral do Engajamundo, que recebeu os prêmios. As duas novas estatuetas agora farão companhia para o grande prêmio recebido no ano passado, quando o Brasil saiu da COP25 com o troféu Fóssil do Ano, como "país que mais atrapalhou o clima em 2019". 

Organizado pela CAN (Climate Action Network), o Fóssil do Ano é concedido durante as conferências do clima da ONU, as COPs. Sem eventos presenciais, em 2020, o evento foi virtual, para "homenagear" os países que "fizeram seu melhor para serem os piores" nos últimos cinco anos. O Brasil dividiu as cinco categorias da premiação com Estados Unidos e Austrália. Os três foram os únicos grandes emissores do mundo a ficar de fora da Cúpula de Ambição Climática organizada pela ONU para marcar o aniversário do Acordo de Paris.