LOGÍSTICA REVERSA

Brasil reciclará baterias de chumbo

03/03/2020
O Ministério do Meio Ambiente (MMA) assinou em 2019 acordo setorial com a Associação Brasileira de Baterias Automotivas e Industriais (Abrabat), a Associação Nacional dos Sincopeças do Brasil (Sincopeças-BR) e o Instituto Brasileiro de Energia Reciclável (Iber) para implementação do sistema de logística reversa de baterias de chumbo ácidas. 
 
O acordo determina que fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de baterias passem a integrar o sistema composto por pontos de coleta e serviços de coleta, transporte, armazenamento e destinação final adequada para este tipo de bateria. A iniciativa deve acontecer em todas as regiões brasileiras e estima-se recolher e enviar para reciclagem mais de 16 milhões de baterias automotivas de chumbo ácido. Segundo a Abrabat, o setor de baterias de chumbo ácido gera cerca de 300 mil toneladas anuais de itens que ficam sem uso.
 
A bateria é fabricada com chumbo, solução ácida e polímeros e possui ponto baixo de fusão e alta resistência à corrosão. Se por um lado o chumbo favorece a bateria, por outro é prejudicial ao meio ambiente caso seja descartado incorretamente. Metais pesados contaminam solo, lençóis freáticos e até mesmo fauna e flora. “O acordo de baterias de chumbo ácido vai permitir que ao final de quatro anos de implementação o sistema consiga recolher 16 milhões de baterias todos os anos, o que representa 155 mil toneladas de chumbo reciclados”, ressalta André França, secretário de Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA).
 
Além de prevenir a contaminação do solo e das águas, a logística reversa reduz a dependência da importação de chumbo para a fabricação de novas baterias. “O Brasil é dependente de chumbo, ou seja, tem de importar esse metal pesado. Depois que esse sistema estiver implementado, ele vai suprir 75% da demanda nacional do setor. Isso é logística reversa, você reinsere na cadeia produtiva um produto que já não tem mais utilidade, como é o caso de uma bateria já exaurida”, aponta França.
 
A reciclagem da bateria automotiva de chumbo ácido recupera o próprio metal e extrai outras matérias-primas que retornam à cadeia produtiva ao invés de pararem em um aterro sanitário, como é o caso do plástico e do ácido sulfúrico. “Em uma medida como essa, você tira novos aportes de poluentes do meio ambiente ao mesmo tempo em que aquece a economia gerando novas fontes de emprego e de renda”, lembra o secretário. “Você fecha o ciclo de uma economia circular.”