CDP lança documento sobre ambiente

26/04/2021
As reservas subterrâneas de água podem estar correndo risco onde ocorre o fracking.

A proteção das reservas subterrâneas de água – essenciais para a garantia de vida futura – pode estar correndo risco nos locais onde ocorre a exploração do gás de xisto pelo método não convencional chamado fraturamento hidráulico, ou Fracking, em inglês. É o que mostra um trabalho feito por especialistas da Embrapa Gestão territorial, de São Paulo, para delinear as áreas do Cerrado que abrigam águas subterrâneas naturalmente mais sujeitas à contaminação por agentes químicos. Os lençóis freáticos mais vulneráveis foram localizados no Sudeste, Centro-oeste e Centro-leste de Mato Grosso, Oeste da Bahia, Sudoeste de Goiás e Norte de Mato Grosso do Sul.

Além da contaminação pelo uso indiscriminado de agrotóxicos, essas e outras reservas brasileiras - também as de superfície - podem também ser severamente impactadas pelos produtos químicos utilizados no processo de fraturamento hidráulico para exploração do gás de xisto. Os técnicos explicam que para fraturar o folhelho pirobetuminoso de xisto e liberar o metano é preciso injetar por um tubo milhões de litros de água sob altíssima pressão, misturada à areia e um coquetel com mais de 600 substâncias tóxicas, cancerígenas e algumas radioativas. Parte deste fluído permanece no subsolo, contaminando os aquíferos ao escapar pelas milhares de fissuras. A parte que retorna à superfície pelo tubo é depositada a céu aberto em ‘piscinas’ que evaporam e poluem o ar, quando não são carregadas pelas enchentes para rios, córregos e nascentes.

Como forma de conter esse desastre, a Agência Nacional de Petróleo e Gás Natural (ANP) desenvolveu, em 2013, a campanha “Não Fracking Brasil”, quando foram vendidos blocos para exploração de gás de xisto por Fracking em 15 estados brasileiros. A maioria dos blocos está localizada em cima dos principais aquíferos como o Serra Geral, Guarani, Bauru, Parecis, Parnaíba e Urucuaia.

A luta contra o Fracking conta com a parceria da 350.org Brasil e segundo alerta a diretora do instituto, Nicole Figueiredo de Oliveira, “o círculo vicioso do Fracking, além de competir pela água disponível por utilizar imensas quantidades no seu processo, o processo emite metano que contribui para as mudanças climáticas, agravando a escassez hídrica e ao mesmo tempo contamina as reservas de água subterrâneas irreparavelmente. O Fracking é o sórdido arqui-inimigo do acesso à água, e não podemos deixá-lo prosperar”.