MATA ATLÂNTICA

Desmatamento nas bacias hidrográficas

09/11/2020

Segundo monitoramento inédito da Fundação SOS Mata Atlântica, o desmatamento nas Bacias Hidrográficas do bioma somou, em 2018 e 2019, 1.857 hectares de Mata Atlântica. As informações são do Atlas da Mata Atlântica, iniciativa que conta com a parceria do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O Atlas traz informações de todos os remanescentes de vegetação nativa do bioma acima de três hectares. 

O desmatamento ocorreu em seis sub-bacias, sendo a do rio Suaçuí Grande (MG) a com maior índice (969 hectares). Essa bacia abrange 48 municípios, com uma população de aproximadamente 500 mil pessoas e tem como um dos principais municípios Governador Valadares (MG). A sub-bacia do Suaçuí Grande é uma das mais problemáticas da Bacia do Rio Doce em termos de erosão do solo, por falta de cobertura florestal da Mata Atlântica, o que acarreta impacto direto à qualidade da água, por carreamento de sedimentos e poluentes. O desmatamento também aconteceu nas áreas de drenagem dos rios: Santo Antônio (343 hectares), Piracicaba (206 hectares), Piranga (146 hectares), Manhuaçu (138 hectares) e Caratinga (55 hectares), tributários importantes da bacia do rio Doce. "A sociedade precisa olhar para um rio pensando em sua bacia, pois tudo que acontece no entorno dele impacta a qualidade de vida da população, dos ecossistemas e todas as atividades humanas. A bacia do rio Doce ainda está lutando por sua recuperação. Se o desmatamento continuar na região, pode ser que os esforços para sua recuperação não sejam eficazes. É urgente coibir essas ações" diz Marcia Hirota, diretora executiva da Fundação SOS Mata Atlântica. 

Os especialistas da SOS Mata Atlântica destacam ainda a ocorrência de desmatamento entre 2018 e 2019 nas regiões do Sul e Sudeste do país que vêm sofrendo com crise hídrica. A Região Metropolitana de Curitiba, por exemplo, tem enfrentado escassez e racionamento de água. A bacia do rio Iguaçu teve mais de 1.000 hectares de Mata Atlântica desmatados nesse período de monitoramento dos remanescentes florestais, com destaque para a região do Baixo Iguaçu, na sub-bacia Iguaçu 6, entre os municípios de Cascavel e Guarapuava, a quarta bacia hidrográfica que mais desmatou o bioma no último período analisado. 

O estudo revela que o Paraná está entre os estados que mais desmatam a Mata Atlântica, revezando as primeiras colocações com Minas Gerais e Bahia. Entre 2018 e 2019, por exemplo, o estado foi o terceiro que mais desmatou o bioma, com 2.767 hectares. Malu Ribeiro comenta que o desmatamento impacta a qualidade das águas, além da floresta também influenciar para a quantidade de água disponível para a população. "As florestas são reguladoras do clima nas suas regiões e funcionam como esponjas. Ou seja, quando chove, elas armazenam água no solo para, aos poucos, abastecerem os aquíferos, as nascentes e os rios. Se falta floresta, falta água", destaca ela.