MEIO AMBIENTE

As dificuldades de avanço na política ambiental

08/06/2020

Na série de debates promovidos pela revista Saneamento Ambiental, dia 4 de junho, foi a vez do “Papo Verde sobre a Política Ambiental Brasileira”, que contou com a mediação de Eugenio Singer, diretor geral da Ramboll Brasil e também conselheiro da publicação, e a presença de Maristela Bernardo (ex assessora do Senado), Mário Mantovani (SOS Mata Atlântica) e Clayton Lino (Reserva da Biosfera da Mata Atlântica).

Ao falar sobre a evolução da política ambiental e o cumprimento do marco regulatório, Mantovani disse haver mais dificuldades a cada dia, devido a um jogo de interesses que não sabe trabalhar o coletivo. Atuante há 20 anos no Congresso, ele sempre buscou integrar os interesses da sociedade com a estruturação do Ministério do Meio Ambiente e a questão das políticas públicas, “entretanto o lobby de alguns setores industriais ainda funciona dentro do Congresso”. Mas considera que houve sim evolução no País, com avanços impensáveis do ponto de vista ambiental e social, “mas em pleno século  XXI é possível ver retrocessos com os ‘ganhos’ na política pública para interesses menores, o que impacta negativamente a imagem do Brasil”.

Maristela Bernardo, que foi por muitos anos assessora parlamentar do Senado, explicou porque o Brasil, que tem um marco ambiental regulatório avançado, ainda não se firmou nessa questão. “Desde a constituição de 1988, o Brasil teve a oportunidade de mudar a compreensão de meio ambiente, saindo da esfera da proteção strictu sensu das riquezas naturais, para um eixo político de organização. Desenvolvimento econômico não se define apenas na esfera da economia. É preciso considerar também os fatores ambientais. Existem novas maneiras de produzir que não são destrutivas – é mudar o paradigma entre o ter e consumir, para aspectos de produção sustentável e justiça social. E, ao longo dos anos, o Brasil foi construindo uma ideia de governança que pudesse incorporar esses novos valores de ética ambiental”. 

Como preservar os recursos naturais com as atividades industriais foi o enfoque de Clayton Lino, que alertou para a recessão econômica que virá: “as crises estarão associadas umas às outras e não se pode esquecer a interdependência da corresponsabilidade e das mudanças climáticas”. Para Lino, a grande questão será como pensar o futuro e modelos de desenvolvimentos que contemplem os avanços da política ambiental no Brasil. 

A íntegra do Papo Verde já está disponível em nosso canal no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=YSJwQhR-x38